Rudolf Uhlenhaut começou a trabalhar em carros de corrida em 1936. A Mercedes estava penando nas pistas no começo daquele ano, apesar de ter feito sucesso em 1934 e 1935. A solução encontrada pela equipe foi contratar um engenheiro de 30 anos, responsável pelo desenvolvimento de um carro de passeio, o 170V.
Nos 20 anos seguintes, Uhlenhaut projetou vários carros de corridas, tais como o W154 (1938) e o W165 (1939). Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o engenheiro montou o grupo responsável por levar a Mercedes de volta às competições, com o fantástico W196. Ele e seus colegas estudavam todas as pistas e estimavam a velocidade necessária em cada curva, com base na rolagem do bólido e na distância disponível para aceleração. A partir dessas informações, Rudolf decidiu usar carrocerias fechadas, com rodas cobertas, no GP da França de 1954. Nascia, naquele momento, o mais belo carro a competir na Fórmula 1.
Grande Prêmio da Suíça de 1938.
Da esquerda para a direita: Rudolf Uhlenhaut, Manfrd
von Brauchitsch, Rudolf Caracciola, John Richard Beattie Seaman, o diretor Max Sailer e o chefe de equipe Alfred Neubauer
Porém, o mais surpreendente no que se refere a Rudolf Uhlenhaut é que, além de um genial projetista, ele também era muito veloz como piloto!
Em agosto de1936, ele estava no Nordschleife, acompanhado por um grupo de mecânicos, quando resolveu testar o Mercedes que havia ajudado a projetar e virou tempos surpreendentes. A partir daí, tornou-se comum que ele testasse seus próprios carros. Ele sempre dizia que, para avaliar o desempenho de um carro, tinha que fazer o que os pilotos faziam.
Rudolf sempre pilotava os carros com suas roupas normais e sem capacete. Em algumas corridas pré-guerra, chegou a ser inscrito como piloto-reserva!
Em 1937, a Mercedes testava em Monza e Dick Seaman, um de seus pilotos disse que "Uhlenhaut faz os testes pessoalmente e é impressionantemente rápido. Não é preciso dizer que é muito bom ter um engenheiro que pode avaliar pessoalmente como seus carros se comportam em velocidade de corrida".
Em 1954, no Nordschleife, o engenheiro testou o bólido e obteve um tempo de 10min, contra 9min57,8s de Kling e 9min58,8s de Hermann Lang (lembrem-se que o circuito possuía mais de 22 km de extensão). Ele fez tempos muito próximos de seus pilotos, mesmo não andando no limite, pois se preocupava com a segurança. Dizia que "se tivesse que parar de trabalhar por alguns meses, seria muito ruim. A empresa precisa de um engenheiro".
Ainda em 1954, Rudolf deu uma volta no Nordschleife 3,5s mais rápido que Fangio. Ele explicou: "Eu havia comido um pouco demais no almoço e achei que algumas voltas rápidas poderiam ajudar na digestão. Não pensei em quebrar recordes, o tempo veio fácil". Porém, ele próprio constatou: "Fangio nunca guiou mais rápido do que precisava e só chegava ao limite quando alguém era mais rápido que ele. Se estivéssemos, competindo, ele teria vencido."
Durante os treinos para o Grande Prêmio da Itália de 1955, alguns executivos da Mercedes estranharam as constantes movimentações no volante que Juan Manuel Fangio fazia durante as curvas. Segundo o próprio Uhlenhaut: "Eles não acreditariam em mim se eu dissesse que o problema era com Fangio e não com o carro. Então, sentei ao volante e dei duas voltas, uma delas mais rápido que Fangio, mas trabalhando menos o volante. Dessa forma, me livrei de um monte de reuniões e discussões", explicou o engenheiro mais veloz de todos os tempos.
O W196 em ação
Uhlenhaut em um carro de passeio
Referências: F1 - Racing #3, 2010, Edição Brasileira, On-Line Editora
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